Produzi uma resenha (no prelo) para a Revista Novos Rumos. O texto trata da nova publicação do capítulo 18 de Para Alem do Capital, de István Mészáros, transformado em livro pela Boitempo. Atualidade Histórica da Ofensiva Socialista chega em boa hora e serve para exterminar as ilusões tupiniquins sobre o Estado como motor de transformações sociais. Para os nulistas, um convite à luta. Para os dilmistas, um importante alerta sobre as capitulações históricas.
Um breve trecho ajuda a entender os argumentos de Mészáros.
"As reformas elaboradas no centro da política institucional pouco adicionam ao projeto socialista. Mészáros esclarece que as “traições” dos partidos de características trabalhistas (o caso inglês em particular) - que quando chegam ao governo realizam um programa voltado à expansão do capital - não surgem como resultado do “caráter” dos líderes desses grupos, embora essa também seja uma variável comum, mas do fato irrefutável de que o capital é a força extraparlamentar par excellence. As capitulações das iniciativas socialistas que adquirem vagas no parlamento nos mostram que essa esfera de poder não está isolada do metabolismo social, sendo parte da estrutura de funcionamento da ordem. As concepções liberais sustentam a democracia institucional como um espaço neutro, que permite a discussão e aplicação de políticas voltadas ao bem-estar geral. Quando o movimento socialista se rende a este discurso ideológico, perde a capacidade de debater o vínculo orgânico existente entre a política e a reprodução material da sociedade. O corolário dos novos tempos dado pelo autor defende que “sem o estabelecimento de uma alternativa radical ao sistema parlamentar não pode haver esperança de desembaraçar o movimento socialista de sua atual situação, à mercê das personificações do capital que existem em suas fileiras”[1]. Para combater a força extraparlamentar do capital, só a força extraparlamentar do trabalho, organizado em um movimento de massas renovado, última chance da humanidade frente ao seu momento mais sombrio. Socialismo ou barbárie, já apontava Rosa Luxemburgo."
[1] István Mészáros. Atualidade histórica da ofensiva socialista: uma alternativa radical ao sistema parlamentar (São Paulo: Boitempo Editorial, 2010), p. 15.